domingo, 22 de junho de 2014

E há tantos por ai...


"... nunca saberão sobre nossa soropositividade"
Nesses dias fomos a festa de uma amiga em um clube da cidade. No meio da festa comecei a devanear sobre os possíveis amigos que estavam ali, que talvez também tivessem HIV e não soubessem. Não designei esses pensamento a quem é Gay, não; Mas a todos sem exceção: idosos, homens, mulheres...
Hoje temos uma outra visão para as histórias de amigos (um modo até meio preconceituoso, eu diria). Eles contam experiências sexuais sem camisinha, sexo anal, transmissão de gonorreia, que eu e meu namorado nos olhamos disfarçadamente, pois eles pensam apenas numa possível gravidez, e só!
Aqui no interior acredito que as pessoas pensem menos ainda no risco infecção , pois não conseguimos abertura para falar diretamente sobre este fato. O centro de testagem da minha cidade fica dentro do postinho, em uma sala no meio do corredor. É mais fácil já colocar uma placa no meio da testa: "Vou colher sangue para saber se tenho HIV". Dai se explica porque pouquíssimas pessoas tem acesso ao exame.
É impressionante que antes de você ter estar com o problema em suas mãos, ele não é realidade em sua vida. Quem pensou um dia: " Sem dúvida terei HIV e isso vai mudar minha vida" NINGUÉM, eu creio! Os héteros menos ainda. 
Na adolescência ,nas raríssimas vezes que falávamos sobre o vírus entre amigos, não tocávamos diretamente no nomenclatura, brincávamos com conceito do Livro Harry Potter para o personagem Voldemort , chamávamos o HIV de "Aquele que não pode ser nomeado" e batíamos 3 vezes na madeira, para isolar. 
Por fim não há como saber se alguns dos nossos amigos são soropositivos. Acho que nunca saberemos, assim como acredito que nunca saberão sobre nossa soropositividade.

"Segundo levantamento feito pelo Ministério da Saúde e pelo Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), há no Brasil entre 490 mil e 530 mil pessoas infectadas pelo HIV. Dessas, 217 mil estão em tratamento, mas outras 135 mil não sabem que têm o vírus" Veja mais no Site do Dr. Dráuzio Varela

Com um fio de esperança espero reunir o maior número possível de soropositivos neste blog e formarmos uma corrente de ajuda e auxílio para qualquer estágio de contaminação. 
Comece comentando abaixo:

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Oi, positividade!

Seria terrível da minha parte apenas chegar neste blog e não contar o real motivo de dar o primeiro passo em busca da união de soropositivos do Vale do Paraíba.
E vou direto ao assunto: Eu não tenho HIV. Então porque criar um blog para positivos, visto que a última coisa que um soronegativo quer falar é realmente sobre hiv, retroviral, camisinha, etc etc? PORQUE  eu convivo a um ano diretamente com o Mundo do Hiv.
Tudo começou com o final de um relacionamento de 5 anos, uma união de escovas de dente que acabou indo por água abaixo por probleminhas banais do dia a dia paulistano .  Então com o termino do relacionamento, voltei a morar no interior de São Paulo, no Vale do Paraíba, mais especificamente. Fiquei 6 meses separado do meu ex, mas acabamos voltando porque percebemos que realmente nos amamos. Neste tempo de separação ele foi contaminado e só fomos descobrir meses depois (ele terá a oportunidade de contar todos os detalhes o que aconteceu em posteriores posts).
Quando o resultado dele saiu positivo, eu não tive dúvida: Eu fui infectado, afinal fizemos sexo sem camisinha diversas vezes. Tive todos (T-O-D-O-S) os sintomas do vírus na fase de encubação, ou como também é chamado: infecção aguda. Sete dias de uma febre infernal, uma dor de cabeça, a bendita Cefáleia, dor muscular, Faringite e Candidíase. Eu tinha certeza do laudo final nos exames: Positivo.
Fui até São Paulo, pois seria impossível fazer o exame no interior. Imagina receber o resultado da minha vizinha que é enfermeira no postinho da esquina, ou até mesmo entrar na sala do CTA que fica próxima a fila gigantesca do SUS. Não!
No CTA Santo Amaro fui bem atendido (ninguém conhecido) , pouca fila e lá fui fazer o exame. Da primeira vez tive que tirar quase uma ampola ( Hoje em dia o exame se baseia a um furo no dedo) e esperar os minutos mais intermináveis de minha vida. Obvio, que por mais que eu estivesse passado por todos os sintomas, há sempre um fio de esperança . A mocinha que faz uma avaliação com você, sei lá se é psicologa ou enfermeira, me chamou. Eu entrei na sala. Ela colocou o teste em cima da mesa. Eu voltei no tempo, pensei em toda minha vida. Suei frio e o resultado eu vi: NEGATIVO.
Cai em um choro descomunal, incessável. Ela me perguntou: Vai continuar namorando com um soropositivo? Resposta: Sim!
E hoje, depois de um ano, fazendo exames de 4 em 4 meses, continuamos juntos.Em meio a retrovirais, CD4 e vocabulário próprio da positividade, nos relacionamos muito bem, ou até mesmo melhor que antes, pois agora temos um cuidado surreal um com o outro. Amor sem fronteiras.
Ele também mudou para o interior e percebi o quanto é difícil a acessibilidade do soropositivo na sociedade, até mesmo para entrar na sala cheia de plaquinhas: FIQUE SABENDO! ou para fazer o exame de HIV e conferir CD4. No interior tudo é mais complicado, pois há pessoas conhecidas em todos os cantos. Com quem conversar? Para quem contar? Com que blog interagir se não nenhum entende o que realmente se passa por aqui. Eu, meu namorado e amigos positivos seremos representantes deste blog para conseguirmos a união positiva-curiosa-ou-negativa de interiorano de todos os cantos. Experiência vividas e compartilhadas estarão aqui a sua disposição. Seja bem vindo. Oi, positividade!